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Volume total do crédito bancário ficou estável em R$ 4,02 trilhões. Juros bancários médios subiram para 28,4% ao ano. Taxas do cheque especial e do crédito rotativo aumentaram.
O crédito bancário interrompeu sua alta no início de 2021, permanecendo estável, segundo informou o Banco Central nesta quinta-feira (25). A instituição também disse que foi registrado crescimento na taxa média de juros dos bancos no mês de janeiro.
O volume total do crédito ofertado pelas instituições financeiras teve uma queda marginal de 0,04% no mês passado, ou seja, registrou estabilidade, permanecendo em R$ 4,02 trilhões – mesmo patamar de dezembro do ano passado.
Esse movimento, porém, é tradicional em janeiro. Nos últimos cinco anos, de 2016 a 2020, houve queda no volume de crédito bancário nesse mês. O recuo tem acontecido após crescimento nos meses de dezembro, por causa das festas de fim de ano.
As concessões totais de crédito somaram R$ 289 bilhões em janeiro, o que representa uma forte queda de 27,7% na comparação com o mês anterior. Esse volume de concessões foi o menor desde maio de 2020 (R$ 285 bilhões).
Em janeiro, os números oficiais mostram que volume de crédito ofertado pelos bancos para as pessoas físicas cresceu 0,6%, atingindo R$ 2,3 trilhões, enquanto o de pessoas jurídicas registrou redução de 0,8% no período, para R$ 1,8 trilhão.
A taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito registrou estabilidade em janeiro, permanecendo em 2,1%. Nas operações com pessoas físicas, a inadimplência subiu de 2,8% para 2,9% no mês passado e, no caso das empresas, continuou em 1,2%.
2020 e previsão para este ano
No ano passado, o crédito bancário cresceu 15,5%, ou R$ 539,369 bilhões, atingindo a marca inédita de R$ 4,017 trilhões. Em volume liberado, foi a maior alta desde o início da série histórica do BC, em 1991.
O aumento no crédito bancário no ano passado esteve relacionado às medidas adotadas pelo BC para liberar às instituições financeiras mais recursos destinados a empréstimos em meio à pandemia de Covid-19. Apesar da expansão, ainda existe dificuldade de acesso pelos pequenos negócios.
Para este ano, porém, o BC prevê desaceleração no crédito bancário. A expectativa da instituição é de que o aumento seja de menor, de 7,8% em 2021.
“As projeções de crescimento do estoque total de crédito para 2021 consideram cenário de normalização das condições de oferta e demanda de crédito, com a retomada do financiamento das grandes empresas no mercado de capitais doméstico e consequentemente arrefecimento na expansão do crédito bancário”, informou o BC, em dezembro do ano passado.
Segundo a instituição, as empresas de menor porte continuarão demandando crédito no sistema financeiro, que será atendido, ainda de acordo com o BC, principalmente com recursos livres, dado o término dos programas emergenciais.
Juros bancários
Os juros bancários médios com recursos livres (sem contar habitacional, rural e BNDES) de pessoas físicas e empresas, por sua vez, subiram de 25,5% ao ano, em dezembro, para 28,4% ao ano no mês passado – uma alta de 2,9 pontos percentuais. No crédito livre, a instituição financeira tem mais liberdade para fixar a taxa de juro.
A alta dos juros bancários médios e alta das operações com pessoas físicas acontece em um momento de estabilidade da taxa básica de juros da economia, no seu piso histórico de 2% ao ano.
Em janeiro, considerando só as operações para pessoas físicas, a o juro médio passou de 37,2% para 39,4% ao ano na comparação com dezembro. Considerando só as empresas, a taxa média avançou de 11,7% para 15,2% ao ano.
- No cheque especial das pessoas físicas, porém, a taxa subiu de 115,6% ao ano em dezembro para 119,6% ao ano em janeiro. Nessa linha de crédito, o BC adotou um teto para os juros.
- Nas operações com cartão de crédito rotativo de pessoas físicas, os juros bancários cobrados das pessoas físicas subiram de 327,8% ao ano, em janeiro, para 329,3% ao ano em dezembro. Deste modo, a taxa segue em patamar proibitivo.
O crédito rotativo do cartão de crédito pode ser acionado por quem não pode pagar o valor total da fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente. Essa é uma das linhas de crédito mais caras do mercado e, segundo analistas, deve ser evitada. A recomendação é que os clientes bancários paguem todo o valor da fatura mensalmente.
De acordo com o BC, o chamado spread bancário médio com recursos livres passou de 20,9 pontos percentuais, em dezembro, para 23,4 pontos percentuais em janeiro. O spread é a diferença entre quanto os bancos pagam pelos recursos e quanto cobram dos clientes. É composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.
Nas operações com pessoas físicas, houve queda de 32,1 pontos em dezembro para 34 pontos em novembro deste ano. Com isso, o spread bancário ainda segue em patamar elevado para padrões internacionais.
Por Alexandro Martello, G1 — Brasília