15 mil obras paradas: presidente da CBIC aponta fatores fundamentais

Compartilhe

Atraso no pagamento, qualidade do projeto, desapropriações e licenciamento ambiental são alguns dos fatores fundamentais apresentados pelo presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, que justificam as 15 mil obras paradas no país. A análise foi apresentada nesta terça-feira (25) durante o Fórum Infraestrutura e Desenvolvimento: Gargalos, Projetos e Investimentos, organizado pela BandNews FM, do Grupo Bandeirantes de Comunicação. 

Martins ressaltou o prejuízo quando os projetos não são finalizados. “Eram R$ 110 bilhões de obras contratadas e foram investidos R$ 70 bi. E por falta dos R$ 40 bi, os outros R$ 70 bi investidos estavam se deteriorando, sendo vandalizados e estava sendo perdido todo aquele investimento, além do fato de as pessoas não poderem usufruir da obra”, pontuou o presidente da CBIC. 

Para ele, é preciso ser mais rigoroso nos aspectos relativos aos projetos para que haja maior eficiência também nas fiscalizações. José Carlos Martins completou afirmando que nem sempre o menor preço é o melhor para a sociedade. “Uma obra ela não termina no instante que ela finaliza, que você entregou a chave, mas sim ao longo de sua vida útil”, disse, ao completar destacando que esse é um cálculo que não é feito e, por isso, os investimentos acabam não sendo adequadamente suficientes. 

Durante o painel também foram abordados os gargalos para aumentar a produtividade na construção e José Carlos Martins apontou a falta de infraestrutura adequada como um dos principais desafios. “Se não tiver isso a sua produtividade cai muito em termos de economia e em termos de país”, destacou. 

Outro ponto levantado pelo presidente da CBIC foi a industrialização, onde ele apontou como um processo efetivo de sanar esses gargalos de produtividade no setor. José Carlos Martins explicou que grande parte da construção ainda é artesanal e que a forma de tributação do país tem parcela da responsabilidade. “Se eu quero produzir dentro de um canteiro de obras o concreto, eu pagarei zero de imposto. Se eu comprar esse mesmo produto do concreto, que ele chegue fora do canteiro, eu pagarei, no mínimo, o ICMS de 17%”, disse. Ele completou dizendo que com os parâmetros tributários atuais não será possível avançar muito no tema. 

Em outro momento do painel foram debatidos pontos da reforma tributária e o presidente da CBIC levantou tópicos que precisam ser trabalhados e debatidos, como as concessões públicas. “Está sendo apresentado um modelo em que as concessões públicas terão um acréscimo brutal em termos de tributação”, alertou. 

Para José Carlos Martins, essas tributações vão acabar afetando muito mais o consumidor que utiliza, por exemplo, as estradas e pagam pedágios. “Vai ser preciso explicar para o usuário porque ele vai pagar mais caro”, disse. 

Finalizando o debate, o presidente da CBIC fez um apelo para que o tema da infraestrutura chegue ao cidadão comum. “Afeta a vida dele. Não é aquela coisa lá longe, tão distante. Não, é o ponto de ônibus dele. É o ônibus bem cuidado, é o metrô disponível, é a estrada adequada. Afinal de contas, é a qualidade de vida do nosso cidadão brasileiro”, finalizou José Carlos Martins. 

AGÊNCIA CBIC

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

I accept the Terms and Conditions and the Privacy Policy